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Produções ACADÊMICAS: Recortes

TEXTO I: Indicação

Unsolved Mysteries, a curious fever

Qual o melhor programa para esquecer um pouco da realidade e ocupar a mente? Há quem indique desenhos animados ou histórias de romance, mas na verdade, para muitas pessoas, a moda agora é outra: se ocupar com diferentes casos em Unsolved Mysteries. Disponível na Netflix desde o ano de 2020, a série com classificação indicativa destinada a maiores de 14 anos promete entreter todos aqueles que derem uma chance para seus 12 episódios distribuídos em duas temporadas, cada um com cerca de 30 até 52 minutos.

De conteúdo criminal e também paranormal, a série trata de ser baseada na clássica produção dos anos 90. Repleta de eventos sem solução, somos apresentados a diferentes histórias de casos reais que cercam desaparecimentos, encontros paranormais e até assassinatos chocantes, tudo isso com uma trilha sonora de arrepiar e depoimentos surpreendentes.

Como um prato cheio para todos aqueles que apreciam bons enigmas, a variação de surpresas presentes em cada novo episódio captura total atenção e faz com que o telespectador se sinta o próprio investigador. Certamente emocionante ter acesso ao relato de diversos dos envolvidos nas situações e muito enriquecedor todo o material que é disponibilizado para o público, de forma que, de um jeito ou de outro, sempre criamos teorias e buscamos de fato adivinhar a resposta para as mais esquisitas questões.

Ideal para todos que buscam um entretenimento distrativo e ao mesmo tempo utilitário, já que, no fim de cada episódio, a Netflix acaba disponibilizando para todos os expectadores um número de telefone junto com um link. Isso, para que, se você tiver pistas ou qualquer palpite sobre os casos ali citados, possa ajudar diretamente nas investigações que internacionalmente continuam arquivadas esperando por um desfecho. Assista, participe e compartilhe!

Reference: (click to watch): https://www.netflix.com/title/...

Texto II: Adaptação de CONTO LITERÁRIO

Tudo começou com o baile anual das senhoritas Morkan. Eu me lembro como se fosse ontem, Gabriel pedindo que eu me arrumasse mais rápido para que não chegássemos atrasados. Tia Kate e tia Júlia, sempre foram ótimas anfitriãs, e isso me torna ainda grata por ter entrado nesta que agora é minha própria família.

Quando chegamos naquele casarão e evento anual, Lily, a ajudante, tratou logo de chegar ao meu marido e auxiliá-lo com toda aquela neve. Confesso que não me preocupo muito com seus caprichos pra cima de Gabriel, até porque, seus sentimentos por mim sempre estiveram muito claros. Ele me ama, e me deseja como ninguém nunca foi capaz de fazer.

Sei também sobre seus pensamentos quando encontramos essas pessoas, que por mais graciosas que sejam, acabam sempre continuando em certo estado de ignorância. Tom e Eva sempre tiveram o melhor, e não foi graças a família de Gabs, mas sim, de nossa influente união.

É natal e o lar está cheio. Neve lá fora, Freddy bêbado como sempre e Sr. Browne, um grande galã. Sempre que venho aqui me lembro de que Ellen, minha sogra, não gostava de mim, mesmo eu tendo dedicado cada minutinho de meu tempo para cuidar dela em seu leito de morte.

Fico observando as interações e logo percebo a senhorita Ivors pressionando meu marido a respeito de seu trabalho no Daily Express. Qual é? Estamos no século 21 e ainda tem gente que julga as pessoas por trabalharem com aquilo que amam? Amo ver suas resenhas publicadas na coluna literária.

Ouço quando ela o convida para uma viagem onde teremos a chance de passar o mês de verão inteiro nas ilhas Aran. Meu Deus, esse lugar me traz tantas memórias. Sinto que Gabriel recusará o convite por causa de suas excursões anuais de bike com os amigos, mas mantenho a esperança para nossa possível conversa quando voltarmos para o hotel. Está na hora mesmo de ele se entregar um pouco mais para a sua própria cultura, povo e espaço.

Quando ele vem me contar sobre, me esforço para que perceba o quanto tenho vontade de ir, mesmo que não ligue. Ele parece um pouco distante depois disso, olhando para as janelas e pensando em algo que não consigo imaginar o que pode ser. Depois de tia Júlia cantar lindamente, Molly acaba indo embora e sei que a partir de então, somente eu poderei convencer Gabriel a viajarmos.

O jantar é servido de maneira bastante farta e deliciosa. Nossas tias não param de se preocupar com os convidados nem por um segundo. Freddy em certo momento explicita o racismo ainda presente em alguns convidados tolos e eu o adoro por isso. Gabriel substitui a sobremesa por aipo. Desde que entrou na tal dieta fit, evita qualquer açúcar possível.

Ele, claro, faz um discurso maravilhoso ao término da refeição. Levanta questionamentos importantes e sempre necessários. As novas gerações podem ser bem exóticas quando querem, mas nada como as novas experiências, sempre cultivando memórias sobre nossos mortos e divergentes passados para chegarmos em algum lugar. O brinde é nosso auge!

Quando estamos prestes a nos despedir ouço uma música que me explode o coração. No escuro, sinto que vou desmaiar, após tantas lembranças que me invadem. Sr. D’Arcy está cantando algo de que não lembro o nome, mas sinto dentro de mim uma conexão. Ele confirma pra mim, quando questionado, que aquela é ‘’a garota de Aughrim’’.

Gabriel não para de me observar, mas nem imagino o que pensa ou sente naquele momento. Logo vamos embora e ele dá gorjeta ao motorista. Estou cansada e triste depois do turbilhão de sentimentos resgatados. Ele comenta algo comigo e respondo que é muito generoso.

Começo a chorar e compartilho com ele que a culpa é da canção. Falo sobre Michael Furey, o garoto com quem passeava quando eu morava com minha avó. Ele claramente demonstra ciúmes e sinto que me trata até com ironia. Menciona com irritação a viagem sugerida por Molly, como se eu só estivesse interessada porque me lembraria de um casinho do passado.

Digo então sobre a morte de Michael. Percebo que se sente ridículo. Não assumo que estive apaixonada por ele, mas sofro demais quando digo em voz alta que sei que ele morreu por mim. Naquele dia de chuva, me visitando antes de minha partida aqui para Dublin.

Cochilo após tanto choro, mas percebo quando ele se deita do meu lado. Entre o sono e o despertar, sinto certa inquietação quando reparo que ele coloca a mão no peito, de olhos bem abertos. Olho então para a janela e vejo o vulto que ele com certeza também viu. Acontece que não é fantasma. Furey veio me buscar, e de morto ele não tem nada.

Morto na cama, não ouviu verdades de minha boca. Contei a Gabriel sobre meu passado, mas não toda a história. Eu também fui enganada, mas acontece que descobri tudo. A família de Michael queria me tirar de sua vida, me fazendo esquece-lo e não voltar para aquele lugar. Neve cai sobre lápides e cruzes, mas não na dele, afinal, esta nunca existiu. Ele está vivo, e que terrível coincidência aquela linda música tocar horas antes daquele que eu sabia ser meu destino. Ele está aqui e eu finalmente farei valer a sua vida.

TEXTO III: Resenha Crítica

‘’Há três classes de pessoas. Os de cima, os de baixo, e os que caem’’.

Qual a sua?

O ano é 2019 e a rede de streaming ‘’Netflix’’ lança em seu catálogo uma das obras visuais mais completas no quesito crítica social. Com reflexões que perduram a realidade humana desde os tempos mais remotos até o último minuto atual, El Hoyo, presenteia seus expectadores com 01h34min de momentos sombrios, violência explícita e o maior dos medos: a mais pura verdade.

Tendo sua classificação indicativa baseada nos 16 anos, o filme espanhol trabalhado no suspense, enche os olhos através de metáforas presentes na ideologia de hierarquia social, desigualdade explícita e interpretação à mercê daqueles com estômago suficiente para assistirem até o fim. Salpicado de horror gore bastante convincente e desconforto psicológico, acontecimentos perturbadores são jogados na tela e cabe a nós adaptarmos, mesmo que involuntariamente, para a realidade capitalista que faz parte de nossos pensamentos egoístas e convivências sociais

Nesta trama, Goreng é um homem que acorda em uma prisão divergente do padrão. Disponível de forma vertical, inúmeros andares preenchem o edifício e cada um abriga dois presos. Por tempo determinado, ambos convivem entre si e se alimentam através de uma plataforma que desce da mais alta superfície. Esta, podendo ou não abastecer um farto banquete. Tudo, vai simplesmente depender, do andar em que eles acordam naquele mês. Bruta e sufocante, acompanhamos a trajetória do protagonista que hora acorda no topo, tendo diversos alimentos ao seu alcance, hora no subterrâneo, onde todos os acima já desfrutaram de suas possibilidades alimentares.

Seu principal objetivo torna-se a comunicação, para que, um: não seja morto e consumido por seu colega da vez quando lhes faltar comida, e dois: convencer os de cima a se preocuparem com os de baixo, que hora ou outra estarão na mesma situação. O egoísmo nítido prende com maestria a atenção de todos que assistem, e entrega um show de horrores quando a empatia nos consome, obrigando-nos a imaginar-se naquela situação. Mudanças aqui nunca são espontâneas e o mal do século, onde não é considerada a realidade externa à nossa, se faz presente. Sem dúvidas um prato cheio para todos vocês que nos acompanham junto aos segmentos de nossas mais amplas culturas e sociedades.